terça-feira, 31 de março de 2015

Michel Vanden Eeckhoudt, fotógrafo belga

segunda-feira, 30 de março de 2015

Aniversário de Verlaine (1844) & Van Gogh (1853)


Colloque sentimental

Dans le vieux parc solitaire et glacé
Deux formes ont tout à l’heure passé.

Leurs yeux sont morts et leurs lèvres sont molles,
Et l’on entend à peine leurs paroles.

Dans le vieux parc solitaire et glacé
Deux spectres ont évoqué le passé.

— Te souvient-il de notre extase ancienne?
— Pourquoi voulez-vous donc qu’il m’en souvienne?

— Ton cœur bat-il toujours à mon seul nom?
Toujours vois-tu mon âme en rêve? — Non.

Ah ! les beaux jours de bonheur indicible
Où nous joignions nos bouches ! — C’est possible.

— Qu’il était bleu, le ciel, et grand, l’espoir !
— L’espoir a fui, vaincu, vers le ciel noir.

Tels ils marchaient dans les avoines folles,
Et la nuit seule entendit leurs paroles.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Tomas Tranströmer

John Renbourn, guitarrista e compositor inglês, fundador da banda Pentangle


Robert Lockwood Jr. centenário



quinta-feira, 26 de março de 2015

Fernanda Montemor



A Fernanda Montemor e o Américo Silva em TÃO SÓ O FIM DO MUNDO de Jean-Luc Lagarce (fotografia de Jorge Gonçalves).
Posted by Jorge Silva Melo on Quinta-feira, 26 de Março de 2015

FERNANDA MONTEMORDurante seis temporadas integrou o elenco do Teatro Infantil de Lisboa sob direcção de Fernando Gomes, no Teatro Maria Matos.Ficarás para SEMPRE na nossa memória! OBRIGADO!
Posted by TIL - Teatro Infantil de Lisboa on Quinta-feira, 26 de Março de 2015

terça-feira, 24 de março de 2015

Herberto Helder

(a morte própria)
E estás algures, em ilhas, selada pelo teu próprio brilho,
enquanto a terra me queima os dedos e os dedos
entram no coração como uma queimadura e o coração
propagado
é o incêndio na cabeça — às vezes
a cabeça não sabe que os pulmões arrastam
as labaredas do mundo como um grande buraco
de vozes: um rumor
de crepitações: uma força: uma rapidez
entre as formas — espelhos luzindo
atrás dos rostos: e tu levantas um braço:
trazes do fundo de tudo a raiz ainda viva de cada coisa:
uma constelação magnética entre os pés afastados
— eu vejo a tua morte no meu próprio movimento:
na chama correndo pela paisagem
fora, a paisagem
que ergues, que depois abandonas ao seu próprio espaço
de paisagem no tempo,
externa: atravessada por noites,
por luzes, transformações, ideias de quem vê,
pelos seus desenvolvimentos ocultos — vejo
que ressuscito no teu modo, essa espécie de estilo
ou energia,
quando casa e paisagem circulam como ilhas
numa torrente à tua volta —
e então o que tocas é esse teu mesmo coração cruzado
por imagens luxuosas: o filme aceso:
membranas do corpo rutilando à passagem dos astros de mármore —
e o teu rosto arranca-se à sombria gravidade
do fundo
da beleza, dos poderes terrestres e o peso
de tanta profundidade: e um instante explode
essa estrela embrenhada na minha cabeça, como
o coração se aprofunda, os dedos
puxam
as linhas de lume com que se cose a terra,
a fenda do seu sangue abismado — às vezes
o espelho é o meu próprio corpo,
a sua ferida: mas entre ilhas, sob
o que circula: espuma do ar, os cometas,
no sono sumptuoso
de animais
quase fixos, os rostos abertos aos raios dos nossos rostos,
aos nossos dedos que lhes chegam ao meio do coração —
porque tudo anda dentro de mim, e o mundo
esgota-se 
no teu movimento entre laços
de sangue, cabelos luzindo, as pedras
inclinadas para os teus lugares respiradores: a árvore
crescendo a cada paragem, com toda a tua inspiração
na minha morte, aqui, uma árvore
combustível
onde a fruta faísca: paraíso de espaços múltiplos
e velozes,
entranhado em mim como se eu fosse a árvore
e tu fosses um espelho que a árvore despedaçasse pela sua força
e no espelho eu, como uma imagem, fosse despedaçado,
brilhando.
Herberto Helder, in PHOTOMATON & VOX